Comandados por um extraordinário jogador chamado Sócrates, que era o mais respeitado e o mais querido, faz lá se vão alguns anos, ainda nos tempos da ditadura militar, os jogadores brasileiros conquistaram a direção do Corínthians, um dos clubes mais poderosos do País.
Insólito, jamais visto: os jogadores decidiam tudo, entre todos, por maioria. Democraticamente, discutiam e votavam os métodos de trabalho, os sistemas de jogo que melhor se adaptavam a cada partida, a distribuição do dinheiro arrecadado e todo o resto. Em suas camisetas estava escrito "Democracia Corintiana".
Depois de dois anos, os dirigentes afastados recuperaram o poder emndaram parar. Mas enquanto a democracia durou, o Corinthians, governado pelos seus jogadores, ofereceu o futebol mais audaz e vistoso do País inteiro, atraiu as maiores multidões aos estádios e ganhou duas vezes seguidas o campeonato paulista.
Eduardo Galeano
Viver é Perigoso