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sexta-feira, 28 de junho de 2024

BIBLIOTECA SECRETAS



Como todos sabem, Big techs são grandes empresas de tecnologia que dominam o cenário global de produção de informações. Essas organizações possuem grande poder econômico e cultural e a cada momento consolidam seu espaço no mercado. São conglomerados de empresas de tecnologia que atuam na maior parte do globo.

É conhecido o poder desmesurado que as empresas de tecnologia, também chamadas de big tech, possuem no mundo de hoje.

A capitalização de mercado da Nvidia (fabricante de chips dos EUA ) atingiu US$ 3,34 trilhões em 18 de junho, superando a da Microsoft, mas desde então perdeu US$ 430 bilhões.

Agora valendo US$ 2,91 trilhões, a Nvidia caiu para o terceiro lugar globalmente, atrás da Microsoft ( MSFT ) e da Apple ( AAPL ), que têm valor de mercado de US$ 3,33 trilhões e US$ 3,19 trilhões, respectivamente.

As três juntas somam uma cifra intergaláctica, que dá mais ou menos cinco vezes o PIB de um país do tamanho do Brasil.

É também conhecido o poder político dessas gigantes do capitalismo. Trata-se de uma força imperial que vem do alto, como as das divindades.

Os conglomerados monopolistas globais fazem juz a fama de trilionários e poderosíssimos. Barbarizam em toda parte, como se flutuassem acima da lei. Tratam as tentativas de regulação como incômodos incidentais que vêm de baixo.

Os que os coloca acima de todas as outras organizações, públicas ou privadas, é o saber técnico que acumulam a portas fechadas, entre quatro paredes de titânio. Nisso reside a maior ameaça que eles representam para o mundo democrático.

O termo "saber", aqui, não significa "sabedoria". Não existe sapiência dentro desses bunkers, longe disso. Não existe cultura. A Meta - controladora do Facebook, WhatsApp e do Instagram - e suas concorrentes, que lucram espalhando Ignorância Artificial, obscurantismo e atrações viciantes, não são templos de conhecimento ou de iluminação. São o oposto disso. O que elas concentram em seus escaninhos de silício não é a elevação do espírito, mas a técnica desumanizada, fria, num grau de matematização cibernética que mal imaginamos. 

Elas armazenam fórmulas e equações complexas que pavimentam a expansão da inteligência artificial, a ferramenta mais assombrosa jamais forjada pelo engenho humano e cada vez mais direcionada contra o talento humano.

O que as bibliotecas secretas de hoje têm em comum com suas precursoras medievais é apenas o regime de segredo. No mais são diferentes. O que elas ocultam não é o pensamento dos antigos, mas os softwares e algorítimos que programam o que virá - a revelía da sociedade. 

Nenhuma autoridade pública tem meios de examinar os seus arquivos. 

As instituições democráticas não sabem o que elas pesquisam, testam e realizam. As agências reguladoras não conseguem inspecioná-las. As bibliotecas secretas da Idade Média nos sonegavam o passado. As do século 21 nos sequestraram o futuro.

Eugênio Bucci

Viver é Perigoso

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